A caminho da final - Road to the Final!
Já andava com ideias de fazer um percurso dos jogos de futebol que joguei até presentemente, procurando descrever um pouco dos seus traços marcantes e ao mesmo tempo aquilatar que dentro de um género ou tipo de jogo que assenta em premissas pouco alteráveis, como é o caso de uma partida de futebol, sempre restam traços distintivos na maioria deles. Podem consistir basicamente numa aproximação à vertente arcada, da partida rápida, ou em alternativa e procurando saciar o gosto dos jogadores mais exigentes e virtuosos da técnica, as simulações.
Para além dos jogos que experimentei já que alguns deles nem sequer os tenho na colecção precisamente porque nos meus tempos de infância era usual emprestar jogos a colegas que tinham aquele jogo que me despertava curiosidade e interesse, poderei atribuir uma menção especial, com breves referências, a outros títulos de futebol que terão marcado o género na área dos jogos de vídeo.
Mas lembro-me bem do primeiro jogo de futebol que tive para o meu Game Boy. Foi num sábado de manhã que fui com a minha mãe ao bazar Paris no Porto comprar o Nintendo World Cup.
Não foi uma escolha por acaso. Alguns amigos de então tinham o jogo, pude testá-lo e lá me convenci que teria de o ter. Depois foi a questão de convencer a minha mãe e isso não era tarefa simples.
Como é hábito com qualquer jogo do Game Boy, os gráficos não eram propriamente vistosos, mas ainda assim a máquina proporciona alguns efeitos especiais típicos de séries japonesas animadas como Captain Tsubasa nomeadamente quando a bola leva uma rotação anormal capaz de pôr literalmente em bico as vistas dos guarda-redes. Na maior parte das vezes esses remates eram indefensáveis mesmo que o tiro tivesse proveniência numa zona da defesa ou meio-campo.
As grandes equipas estão presentes, sem falta do nosso Portugal e outras como Camarões que serviam de saco de boxe para a primeira eliminatória. Faltavam os nomes verdadeiros dos jogadores, mas essa falha também não era grave. Importante era assegurar um bom sistema de jogo. Neste Nintendo World Cup há uma simbiose entre anime, ainda que ténue devido às limitações da máquina, arcada e simulação, tudo polvilhado com interessantes momentos de humor como seja o pesado tackle com que podemos servir o adversário, capaz de lhe arrancar os olhos para fora da órbita. De resto os jogadores parecem roliços, compactos e achatados. A bola tem quase metade do tamanho deles, mas falta-lhe algum peso ao ponto de em cada passe por alto dar a impressão que estamos a lançar em profundidade um balão.
Mas tinha graça fazer trocas infinitas de bola à espera que o adversário nos atirasse ao chão com falta, não assinalada pelo árbitro - nunca dei fé dele . Mas os jogadores não são todos iguais. Alguns, das equipas mais fortes, têm maior cabedal físico podendo fazer remates alucinantes e faltas mais severas. Até o corte de cabelo à escovinha não faltava aos jogadores da Alemanha.
Os resultados finais por vezes mais pareciam típicos de uma partida de andebol. Uma vez tentei chegar aos cem golos contra os camarões tal era a facilidade com que contornava os jogadores adversários. Passar a bola nem sempre tinha de ser o melhor argumento para chegar ao golo. Contra equipas permeáveis o melhor era cavalgar desde a defesa até ao ataque, fintar o guarda-redes e ouvir o toque do golo. A opção A+B ao mesmo tempo já se tornava adequada para as partidas mais complexas, com obrigação do remate sair próximo da baliza.
Para aguçar a dificuldade e o tom humorístico não podiam faltar os diversos terrenos de jogo. O básico é o campo de tipo relvado cortado, às listas, como é comum vermos em qualquer estádio. Nesse, nada de especial a apontar. Porém, as coisas aqueciam assim que transitavamos para um campo com gelo, propício para escorregadelas intermináveis dos jogadores, entre outros deslizes e quedas, estas já padecíveis no campo pelado com magníficas pedras a obstacular o remate certeiro. Para agravar o sofirmento há a hipótese de fustigar até à exaustão os melhores jogadores que assim, de falta em falta, de desgaste em desgaste, ficavam exauridos, praticamente sem músculo para aguentar até ao fim o intenso e feroz ritmo de jogo. E lá ficavam deitados no campo, fora da batalha.
A progressão do jogo era salvaguardada por intermédio de um sistema simples de passwords, factor que nos possibilitava repetir uma final sem ter de recomeçar todo o campeonato.
Contudo, aquilo que sobressai neste jogo, que não se realiza do ponto de vista de uma simulação ou vertente arcada, é antes uma perspectiva satírica do desporto-rei com todos os seus dramas, desde as faltas grosseiras até à vibração do golo mais estonteante. Mas como era pequeno, na altura só me interessava golear os camarões por mais de 50 golos. Que fé esta?!!
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