Old School Gamer

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domingo, setembro 10, 2006

A morte (da hipocrisia)

Toca a todos. Não pensem que são imortais, senhores desta vida e da outra, é uma questão de tempo até que ela vos bata a porta. Mas pior do que ser a vossa vez, é quando afecta uma das pessoas que mais passeiam no núcleo do vosso coração. Não há jogo, ou obra de ficção por muito bem orquestrada que seja que chegue sequer a roçar a vastidão que é perder alguém ou então a crueldade que a natureza humana consegue encurralar dentro de nós mesmos.
Natureza maligna que nos assola e que só se liberta sempre que somos espicaçados, como um touro na arena desesperado por conseguir atingir que lhe está a fazer mal, não se sabe bem porquê e não se sabe bem como vai ser o nosso final. Não percebemos porque nos sentimos malignamente resignados à nossa condição de meros mortais. Numa última tentativa de investir, damos tudo por tudo para deitar aquele ser mal que se ergue em cima de um cavalo. Disparamos em todas as direcções para tentar acalmar o nosso lado mais negro e endiabrado. Porquê? Porque é que aquele touro tem que ser morto, ou porque é que chegou a nossa vez de sofrer pagando com a sensação de um vazio que nos atravessa o peito quase fulminantemente.
Os videojogos sempre foram acusados de deformar as mentes das crianças, das pobres crianças que entram em contacto com uma natureza tão maligna, capaz de nos conduzir à loucura, capaz de nos levar à morte, capaz de nos fazer subir para cima de um cavalo e espetar uma dezena de farpas em cima de um animal inocente que nem sequer sabe o porquê de estar ali. Um dia somos nós a matar alguém inocente e a encurralar o nosso inimigo num canto, no dia a seguir estamos encurralados com o nosso próprio sofrimento.
Muitos que lêem estas linhas sentem um prazer perverso em levar um fuzilar um inimigo com uma Uzi, ou num lanço de rasgo cirurgicamente atirar o vosso arqui-inimigo de um prédio abaixo. Será que é assim tão mau sentir isso num videojogo? Seremos uns frustrados porque quem bata palmas ao linchamento de um SER VIVO numa arena se sente ofendido que outros os matem na tela digital? Meus senhores ao menos nos videojogos, a tela que serve palco ao desempacotar do nosso alter-ego, não é pintada com sangue real.
Não gostam de sentir o cheiro da morte a aproximar-se sorrateiramente enquanto esperam um autocarro? Uma espera solitária que acabará na morte. A culpa é dos jogos? A culpa dos atropelamentos que se fazem por não ter parado ao sinal que assim o exigia, é culpa dos videojogos? Os jogos devem ser consumidos com moderação, mas não são culpados de tudo o que de errado se passa no mundo. São os jogos culpados pela prisão de uma criança de 10 anos durante 8 anos? Qual é o titulo que mudou a mente do homem que se suicidou a seguir? Nunca vi essa cena presente num jogo. Nunca vi um jogo em que se treine cães para participarem em combates de morte. Será o Grand Theft Auto mais uma vez? Podem continuar a descarregar as vossas frustrações no título da Rockstar, mas parem de ser hipócritas. O ser humano tem uma percentagem na sua personalidade de cariz ruim. Não a acordem. Não terão de lidar com os seus efeitos secundários.