Old School Gamer

Blog feito por "Gamers" da velha guarda para todos os intressados no assunto. Actualizado sempre com impressões, análises, e notícias de grande jogos que o são, ou, que o foram. Não perder também a componente de Cinema, música e outros entretenimentos.

quinta-feira, janeiro 11, 2007



Enquanto consumidor de videojogos em sentido lato, senti em tenra idade fascínio pelos salões de arcada através daqueles barulhos dos jogos, máquinas emparelhadas com imensos e gordos botões e ecrãs coloridos transbordando imagens fascinantes, como pequenos tesouros a luzir. Pessoas sentavam-se em cadeiras sem costas, metiam moedas de 50 escudos na ranhura e em pouco tempo movimentavam um stick para todos os lados, pressionando botões de modo frenético e articulado. Por vezes pegavam lume a um cigarro e deixavam-no pendurado no canto da boca. Numa cabina anexa, um senhor trocava as notas por moedas enquanto controlava a idade das pessoas que iam chegando. Devia ter uns 11 anos quando entrei pela primeira vez, acompanhado por amigos, num salão dedicado a máquinas de jogos. Sabia que a minha idade não chegava ao limite mínimo para estar presente, mas ter-nos-á sido aberta uma excepção tácita e pudemos assistir à progressão que outras pessoas davam a jogos como Puzzle Bubble, Metal Slug ou o mítico Super Hang-On com carenagem de mota e outros simuladores de condução constituídos por "backet", pedais, volante e mudanças. Esta foi das máquinas mais impressionantes na altura. Para alguém habituado a jogar Tetris e The Harmony Game num Game Boy monocromático, aquela visita ao salão de jogos marcou definitivamente a minha experiência. Aproveitávamos o tempo livre para lá passarmos um bom bocado, atentos ao jogo das outras pessoas e sempre à espreita de uma possibilidade de correr no Super Hang-On. Poucos anos mais tarde comparei as evidências e semelhanças entre os jogos arcada e alguns ports para a Mega Drive. Super Hang-On é integralmente semelhante, só faltava a carenagem deslizante para a direita e esquerda, o travão e punho para acelerar.
E assim foi sucessivamente. Durante muitos anos a indústria dos videojogos desdobrava-se numa vertente doméstica através da colocação de máquinas caseiras, comercializáveis a particulares e capazes de reproduzirem jogos de vídeo com moldes idênticos. Mas ainda agora há máquinas dotadas da atomishwave, uma placa que permite correr alguns jogos da Sega como o renovado Afterburner cujo aprontamento para as consolas present-gen deverá estar para suceder.
Mas o que é feito das nossas salas de arcadas? Ainda são visitadas com misto de culto como há uns anos ou foram transformadas em espaços dotados para outras finalidades?
A minha maior amargura neste aspecto chegou há três anos, quando o único reduto de máquinas arcada que frequentava perto de casa em Coimbra (onde estavam algumas clássicas como Metal Slug, Puzzle Bobble, Street Fighter 2) dera lugar a uma sucursal de conhecida instituição bancária. Foi como que um choque.
Nem mesmo as mesas de snooker, como alternativa a algumas máquinas electrónicas, salvaram o intento do proprietário em recuperar parte dos prejuízos.
Porque é isso mesmo que se trata. Da perspectiva do consumidor tornou-se bem mais proveitoso jogar em casa, acumular horas na progressão de uma aventura ou role playing game, enquanto o prazer pelo usufruto de um videojogo se esparsa por múltiplos picos de emoção e compenetração (naquelas imagens de síntese) ao contrário das experiências mais breves das máquinas de jogos. As pessoas trocaram o espaço público, o tlintar das moedas, os bancos sem costas e os escassos minutos frenéticos, tudo isso, pelo conforto do lar e das novas potencialidades de uma consola da próxima geração.
Outros salões, outrora pejados de novidades e onde cheguei a passar alguns períodos na backet de Sega Rally 2, fazem-se ocupar por outras máquinas, mais sofisticadas e versáteis. Os PC’s artilhados de FPS e chats audiovisuais são a alternativa mais evidente. O gasto consecutivo e por tentativas torna-se mais fugaz e menos polivalente que as possibilidades do confronto directo com dezenas de outros jogadores por intermédio da ligação à rede. Daí o esforço da Sega (em contraponto), por ter criado a Dreamcast, a primeira grande consola a massificar o uso de um modem para possibilitar a partilha, em tempo real, da experiência de jogo. Muitas máquinas de arcada estruturam-se por via da componente de scores gravados e continuados em momento posterior, ou até trocados em desafio com outro contendor, mas o nosso país tem a manta curta para sustentar possíveis re-interessados num segmento do mercado da indústria dos videojogos que sente e reflecte cada vez mais o peso da guerra das consolas.
Aquilo que por vezes parece uma menos cordial troca de palavras , entre executivos das produtoras de consolas, reflecte “a final” consideráveis alterações nas áreas adjacentes e conexas à indústria. A televisão como centro de escolhas, controlo e multi-média e a partilha, em tempo real, da mesma experiência de jogo.

4 Comments:

At 4:47 da tarde, Blogger Starfox said...

Acho que a Cena das Arcadas ainda se mantém hoje mas só nas grandes mnetropoles...

Antigamente uma Arcada era feita de jogos rápidos, com muitos Gimmicks para o seu funcionamento e que criavam uma experiência única e absorvente naquele momento. Só que hoje, graficamente consolas e Arcadas são quase nenhumas, apenas na diferença entre lançamentos, e as Armas, volantes, Rumbles, Joysticks já estão standards em muitas consolas...

 
At 11:18 da manhã, Blogger bravojohny said...

Vai-se mantendo e mesmo assim. Por exemplo no Norte Shopping há um pequeno salão mas cada vez mais limitado e sempre com as mesmas máquinas. No cidade do Porto ainda resiste um salão, mas os computadores com FPS + net já ocupam parte significativa do espaço e também não renovam as máquinas. Pequenos salões vão desaparecendo ou ficam poucas máquinas, quase sempre as mesmas que conheci quando visitei o espaço pela 1ª vez. Em Coimbra acho que já nem há salões dedicados.

Uma arcada também faz despoletar aquela ideia mais vertente de gastar dinheiro. As moedas saem mesmo do bolso enquanto que para pagamento de um jogo com multibanco não dá para ver a transferência. É cega.

 
At 3:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

As arcadas morreram. Onde ainda mantêm um espirito bastante vivo é no Japão e numa ou outra capital do mundo(Londres, Paris, etc).

Mais outro exemplo é o Fórum Almada, até há bem pouco tempo tinha um salão grande e acabaram por fechar.

 
At 8:31 da tarde, Blogger bravojohny said...

Se tivessem as máquinas novas como a do Mario Kart ou Afterburner talvez as coisas pudessem mudar um pouco, mas o aluguer destas é mais caro e não há lucros para as ter.

 

Enviar um comentário

<< Home