Old School Gamer

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domingo, janeiro 14, 2007



Findo o período de vendas úteis da consola GBA da Nintendo, exterminadora de outras consolas portáteis como Neo Geo Pocket color, Game Park e outras com distribuição exclusiva no Japão que nunca puderam competir num sector abafado desde sempre pelas portáteis da NIntendo, estimava-se que a entrada da Sony num sector tão específico como este dos jogos portáteis, pudesse culminar com um vencedor tecnologicamente mais avançado e distinto. A Nintendo responderia a esse avanço com uma fórmula inovadora mas também nostálgica. A criação da NDS passou pelo plágio às antigas portáteis de dois ecrãs, concebidas para correr exclusivamente determinado jogo como Zelda, Donkey Kong ou Mario.
Corrido este período desde o lançamento até ao presente momento, a Nintendo domina incontestavelmente o sector portátil. No Japão as vendas continuam desenfreadas, e mesmo com a falta de consolas, que ainda não é distribuida em moldes suficientes para satisfazer todas as necessidades, o avanço para a concorrente PSP é avassalador.
Mas o sector portátil ainda mantém determinadas características inerentes à sua particularidade e nem mesmo a introdução de uma máquina tecnologicamente avançada como uma PSP (também pequeno centro-multimédia e especificadamente superior à DS) serviu para atenuar as diferenças relativamente às consolas domésticas, que agora chegadas a uma nova geração, cavam um fosso maior e demarcam os âmbitos.
Desde sempre, mesmo nos tempos do Game Boy, as diferenças em termos gráficos, dimensão do género de jogo, longevidade e opções multiplayer, perante os jogos concebidos para as consolas domésticas, sempre fora grotesca.
Tinha e tem de se compreender que as razões que validam a utilidade de uma portátil passam por isso mesmo, pelo acompanhamento constante que possibilita ao seu jogador. É algo que podemos tirar do bolso e usufruir em qualquer espaço, de dia e de noite, sem que tenhamos de recorrer às engenhocas de lupas enormes com luz de candeeiro e sem que tenhamos de nos tornar reféns de uma fonte de energia, desde que a bateria esteja devidamente calibrada.
Quer-se atingir com as portáteis uma experiência rápida e proveitosa, mas sempre presente que jamais é capaz de ter alguma equiparação com os grandes jogos que se fazem para as consolas domésticas. Estes querem presença, obrigam à compra de televisores modernos para maior imersão e atenção ao detalhe, requerem tempo e disponibilidade no horário nobre, em suma, representam o "prime time" dos videojogos. É nas consolas fixas que as empresas se estabelecem na vanguarada e consolidam o seu "hallmark". Vejamos o caso da Epic, uma companhia com pouquíssimos títulos desenvolvidos, mas que após aceitar o projecto de desenvolvimento de um "shooter" na terceira pessoa para a 360 viria a abalar a indústria, nas tabelas de vendas e preferências dos jogadores com o estrondoso Gears of War, do qual já se espera a trilogia.
A preferência dos criadores de videojogos passa pelas consolas fixas e pela oportunidade que lhes é dada em inovar, acrescentar os seus "dois cêntimos" à miríade de projectos que se desenvolvem. Nem é por acaso as declarações de um responsável da Sony que diz perceber a razão da X360 acolher bastantes originais que acabarão por se situar em "multiplayer". As produtoras começam por se debruçar pela máquina que é tecnologicamente mais forte e que já está no mercado. Mas agora que a PS3 já é uma realidade e se percebe que muito do "vaporware" deu lugar a "horse power" os produtores querem conhecer a nova máquina e apostar nela enquanto via de acesso às preferências dos jogadores, inovando ou até revolucionando os géneros que estejam em desenvolvimento.
Perante este quadro é difícil a um sector, como o das consolas portáteis, desejar-se por primordial no desenvolvimento. As consolas portáteis serão sempre um complemento à experiência maior que jorra pelas TV's. Ainda que seja possível a criação de jogos inovadores e exclusivos (que muito tem beneficiado a NDS) estes serão sempre limitados. Porém, injustamente estigmatizados a meu ver. No caso do Japão, país onde a mobilidade social é elevada, a possibilidade de desfrutar um jogo numa portátil é algo que não tem comparativo e adquire grande utilidade. As águas estão separadas, tem de se perceber, e compreende-se que um jogo portátil saciará sempre menos emoção, menos longevidade e até interacções eventualmente mais espartilhadas muito embora usurpadoras dos mecanismos exclsusivos da consola, como a stylus na DS. contudo, enquanto se mantiver esta distância para o sector das consolas fixas, as portáteis serão sempre um modo complementar de experiências de jogo mais rápidas, nostálgicas, únicas e limitadas. Tem de se compreender o seu contexto, que por sua vez não invalida a inércia ou adormecimento à sombra da bananeira de alguns produtores que entroncados em especificidades mais primitivas ou desafiantes se furtam ao problema.
Bons jogos é o que se quer de ambos os lados, com as suas dimensões e contextualizações.