seguirá a minha Xbox 360, em poucos dias, para reparação. No sabado à tarde surpreendeu-me quando menos esperava e acendeu um quarto do anel luminoso, a vermelho. Que diabo, estourou! A imagem no televisor LCD dizia E-74 e apesar das várias tentativas de a recuperar o aparelho perdeu a utilidade.
Sobra uma caixa de cartão onde há horas depositei a máquina no meio de folhas de revistas publicitárias do Carrefour, entre outras, todas amarfanhadas. Fechei a caixa com fita cola adesiva castanha, comprada ao final do dia para isso. A caixa de cartão foi-me oferecida numa papelaria e nem perdi muito tempo a explicar para que precisava dela. Saí com as mãos cheias, como se levasse um presente, sem ter de pagar.
É todo um processo quase fúnebre que se impõe, uma última obrigação.
A propósito lembrei-me de uma passagem que li há dias no romance do Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva, que passo a transcrever:
Esmagou as mãos uma na outra, porque a morte existe, pode chamar à porta quando lhe apetecer, e imaginou-se demoradamente no caixão aberto, ainda em casa, ainda acompanhado de um murmúrio humano que o velava, daí a nada atirado à cova com cal por cima e terra, depois a lousa, o abandono: os outros regressam a casa e eu para ali fico, sufocado, sozinho, a morrer outra vez, porque via tudo isso como as coisas se passassem e ele com consciência, como se ouvisse o rumor da noite em que o velavam, o latim do padre Abel no cemitério, as pazadas de terra a cair no caixão, o fervilhar irreparável dos vermes.
Ali o Panzer do lado direito vai compor-se numa grade de Lager com tremoços e amendoins nacionais.